O que é Sola Scriptura? Entenda por que o primeiro Sola é tão importante para a Igreja

Um dos eventos mais importantes da história da Igreja foi a Reforma Protestante.

Após anos de uma Igreja com doutrinas que se distanciavam daquilo que a Bíblia ensina, os reformadores viram a necessidade de voltar a centralidade das Escrituras.

Por esse motivo Martinho Lutero fixou as suas 95 teses, dando início ao mais famoso avivamento da história da Igreja.

As principais doutrinas resgatadas pela Reforma foram sintetizadas em 5 pontos centrais, chamados de os 5 Solas. São eles:

  • Sola Scriptura 
  • Solus Christus
  • Sola Gratia
  • Sola Fide
  • Soli Deo Gloria

Neste post vamos conhecer o primeiro dos 5 Solas, entendendo a sua importância para a Igreja.

O que é Sola Scriptura?

Sola Scriptura é o primeiro dos 5 Solas da Reforma Protestante e significa Somente (Sola) a Escritura (Scriptura). É uma doutrina essencial da fé cristã que afirma que a Bíblia é a Palavra de Deus e a única regra de fé e prática.

Em outras palavras Sola Scriptura significa dizer que a Bíblia está acima de toda tradição da Igreja, experiências pessoais e qualquer afirmação contrária às sagradas escrituras.

Para os cristãos, a Bíblia é a única e suficiente fonte para se aprender a respeito da salvação dos pecados e da vida e obra de Jesus Cristo, além de ser a guia nas decisões pessoais e cotidianas.

Vamos entender um pouco mais da importância dessa doutrina.

A importância do Sola Scriptura

Compreender a centralidade das Escrituras é reconhecer que ela é a única fonte para conhecer quem Deus é e o que ele espera de nós como seus discípulos.

Vejamos, então, os aspectos essenciais à essa doutrina:

O principal Sola

Parece estranho dizer isso, mas sem o primeiro dos 5 Solas, jamais entenderíamos os outros 4.

Afinal, Lutero leu “O justo viverá pela Fé” (Rm 1:17/Hb 2:4), e foi essa passagem que o fez questionar sua própria crença e o que a Igreja pregava.

Jamais entenderíamos que a Fé é a única fonte de salvação, que só devemos dar glória a Deus e que Cristo é nossa único mediador com o Pai.

É das escrituras que todos os Solas vem.

Evita enganos

Quando voltamos à centralidade da Bíblia, evitamos cair em erros e heresias que podem gerar dano à nossa Fé e à Fé de outros.

Foi a partir dos ensinos bíblicos que os reformadores combateram doutrinas heréticas da Igreja, como a venda de indulgências e a revelação continuada.

Essa última dá uma autoridade maior ao papado do que à própria Bíblia, concedendo uma relevância maior à palavra de homens do que do próprio Deus.

Paulo elogia os irmão de Beréia (At 17:11-12) por julgarem a pregação dele próprio com base nas escrituras.

Assim nós devemos ser, julgar, de acordo com palavra, tudo que ouvimos e as nossas experiências pessoais. Ainda que vivamos a mais incrível experiência sobrenatural, se contrária à Bíblia, deve ser rejeitada.

Entendemos quem nós somos

O melhor lugar para nos conhecermos e entendermos o motivo da nossa existência é consultando aquele que nos criou.

Por meio das Escrituras, entendemos o nosso pecado e a nossa necessidade da Graça. 

Compreendemos a necessidade de um salvador que nos criou para nos relacionarmos com Ele e conhecê-lo. Essa é a maior fonte de alegria e satisfação que podemos encontrar.

E o mais importante, compreendermos que éramos pecadores, mas quando nos arrependemos, pela Graça, somos adotados e chamados de Filhos de Deus.

Entendemos quem Deus é

É impossível amar aquilo que não conhecemos.

Se de fato amamos a Deus, precisamos desejar ter intimidade com Ele e conhecê-lo. E Deus escolheu se revelar a nós por meio de um livro.

A Bíblia nos revela quem é o Deus criador, como Ele é Santo e como Ele é Amor. É partir da palavra que entendemos Deus amou o mundo e entregou o seu Filho por ele.

É nas Escrituras que conhecemos tudo o que Deus fez e tem a nos dizer.

Entendemos o que Ele espera de nós

A Bíblia revela exatamente o que Deus espera de nós quando buscamos conhecê-lo. Revela também o sentido das nossas vidas, o motivo pelo qual Deus nos criou.

Aprendemos a viver de forma prática o cristianismo, a amar ao próximo, a evitar tudo aquilo que não agrada a Deus e, o mais importante, aprendemos como pregar o evangelho e fazer discípulos.

E foi esse o último mandamento de Cristo, antes de ascender aos céus, “…ide, fazei discípulos de todas as nações…” (Mt 28: 19).

Sola Scriptura na Bíblia

Você pode estar pensando, “mas ‘Sola Scriptura’ não está escrito na Bíblia”. 

E é verdade.

Porém, a essência deste Sola está espalhado por todas as Escrituras. Embora não esteja escrito literalmente, a Bíblia nos aponta claramente este princípio.

Paulo, nos diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm 3:16), referindo-se aos escritos do Novo e Antigo Testamentos.

Primeiro, vamos analisar como os autores do AT e do NT viam o primeiro, e depois mostrar como a palavra também enfatiza que as Cartas, os Evangelhos e os demais livros do Novo Testamento são a Palavra de Deus.

Antigo Testamento

O Salmista escreve no maior capítulo de toda a Sagrada Escritura que “lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119: 115).

Quando os autores fazem menção à “palavra de Deus” ou às “escrituras”, ou dizem “como está escrito”, ou se referem aos Profetas e à Lei de Moisés, estão dizendo respeito a uma palavra verdadeira e autoritativa.

A Palavra revelada pelo próprio Deus! Essa era a verdade pela qual eles andavam.

E o próprio Jesus se refere aos Escritos e à Lei de Moisés como a Palavra de Deus e fonte de autoridade sobre a vida das pessoas.

Quando tentado por Satanás, Jesus responde mostrando a sua certeza nos escritos de Deus: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4:10).

Durante todo o tempo do seu ministério Jesus usava o termo “está escrito” referindo-se ao AT. 

E os autores dos Evangelhos em todo o tempo, para comprovar a divindade e o senhorio de Cristo, recorriam aos Profetas para mostrar que Jesus cumpria tudo o que fora dito a respeito do Messias.

Por exemplo: “tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, ele será chamado de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mt 1:22).

Outro exemplo importante é quando Jesus conta a história de Lázaro e o rico. O rico é morto e condenado a passar a eternidade longe dos gozos da salvação divina.

Ao entender isso, ele pede que alguém seja enviado para a sua casa a fim de contar a história para que sua família não termine também, em um lugar de tormento.

A resposta que ele recebe: “eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos”.

Ouvir a Moisés e os Profetas era ouvir a mensagem do próprio Deus. E ela se cumpriu no NT.

Novo Testamento

Talvez seja mais fácil encontrar referências na Bíblia afirmando que AT é a Palavra de Deus, do que o novo.

Por conta disso, algumas linhas teológicas argumentam que os escritos de Paulo, por exemplo, não são divinamente inspirados. Mas, a própria Bíblia, nos aponta que os escritos são, de fato, divinos.

Paulo nos diz que a Igreja está “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2:20), mostrando o entendimento que eles tinham da autoridade apostólica que se assemelhava aos profetas do Antigo Testamento.

Mas essa frase só teria força se os escritos de Paulo, verdadeiramente, fossem considerados como Escritura.

E o Apóstolo Pedro, líder da Igreja primitiva, nos confirma isso ao dizer que algumas pessoa deturpavam os escritos de Paulo assim como “as demais Escrituras” (2Pe 3:16). A gravidade era tão grande que resultaria na “destruição deles”.

Ou seja, os próprios apóstolos sabiam que estavam continuando o cânon bíblico. Pedro coloca os escritos de Paulo na mesma categoria que o AT.

O que permitia ao próprio Paulo dizer: “o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor” (1Co 14:37).

O mesmo Pedro ainda diz que “nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2Pe 1:21).

O apóstolo coloca a Bíblia em um patamar inigualável. A Bíblia é revelada pelo Espírito Santo, é a Palavra do próprio Deus.

O apóstolo Paulo ainda escreve que se alguém pregasse um Evangelho diferente do que o pregado pelos Apóstolos, ainda que fosse um anjo, que fosse “amaldiçoado” (Gl 1:8-9).

Finalizarei a argumentação com as palavras utilizadas por João (ou pelo Espírito Santo) ao encerrar o livro do Apocalipse:

“Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.” (Ap 22:18-19).

Fica claro, assim, que Sola Scriptura é um conceito que permeia toda a Bíblia.

Somente a Escritura

Portanto, vemos a que as Escrituras testificam a seu respeito.

Se você quer conhecer a Deus, precisa encontrá-lo de acordo com a forma que ele escolheu se revelar à humanidade: a Bíblia.

Deus nos criou para conhecê-lo e fazê-lo conhecido. Ele é glorificado nisso e nós encontramos o propósito da nossa criação.

Lembre-se, acima de toda experiência pessoal, acima de todo sentimento, acima de nossas opiniões, acima da pregação de qualquer pastor, acima de qualquer informação, está a Bíblia.

Somente a Escritura!

Não deixe de ler também o nosso conteúdo sobre Apologética e a importância da defesa da Fé!

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Este post tem 4 comentários

  1. Nathália Louback

    “Compreender a centralidade das Escrituras é reconhecer que ela é a única fonte para conhecer quem Deus é e o que ele espera de nós como seus discípulos.” Muito bom!! Como dizemos no Direito, segurança jurídica hehe

  2. Pio Pietrecina

    Hereges

      1. Anônimo

        qual o motivo? pq eles são hereges?

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